Desde os 2 anos que a mãe lhe falava do bem que o ar da Serra fazia. Naquelas noites de Verão, nas histórias para dormir, havia sempre uma referência ao vento .
- Quando os 3 porquinhos pensavam que não havia nada que os salvasse do lobo mau, apareceu a fada madrinha. A fada chamou a força do vento da Serra, e o lobo mau voou.Amélia recordava essas noites. Do luar que passava pelas persianas amarelas semi cerradas. Em especial da brisa que corria, com cheiro a Verão.
Amanhã era o seu aniversário. A mãe ia levá-la à Serra . No fim de semana passado tinham ido aquela loja da cidade, onde se vendiam reliquias e velharias. Amélia tinha escolhido o frasco mais bonito da loja. Cabia na palma da mão. Transparente e com pequenas flores verdes e azuis.
Era a prenda que pedira. Ir a Serra e apanhar o vento.
Assim que saiu do carro, respirou fundo. Encheu os pulmões. Renovou os sonhos. Abriu o frasco e fechou-o o mais rápido que conseguiu.Tinha conseguido.
Com 5 anos acabados de fazer e era dona de um pedaço de vento. Tinha o mundo todo por conquistar e isto era apenas o início.
Pegou na caneta cor-de-rosa com brilhantes e escreveu no frasco – Vento da Serra – pôs na mesinha de cabeceira e ficou a olhar com um sorriso. Nessa noite adormeceu e sonhou com a festa dos 3 porquinhos e viu o lobo mau de paraquedas.
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