A Fita

- Tira-me isto. Rápido, tira-me isto – dizia enquanto tentava arrancar aquele pedaço de fita do tornozelo.
- Arranca. Puxa. Tira-me isto.
As lágrimas escorriam no seu rosto esguio e mulato. A amiga tentava ajudar, mas em vão .
Olga não queria mais aquela fita, com nós de promessas. Não queria nada que o recordasse. Promessas traidas.
- Com mais força. Desfaz. Tira-me isto, por favor. – Soluçava.
Já não havia esperança no verde da fita. O futuro já passara. Para avançar não podia haver recordações por perto. Seria demasiado. Doloroso.
Amanhã lembraria apenas a vontade de um último beijo. Beijo que nunca seria dado.
- Tira-me isto – continuava a dizer, enquanto a fita se soltava.

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