O teu ego inspira-me. A auto-estima que parece transcender as escalas normais. O saber qualificar a própria beleza e ter certezas de ser amado.Gostava de ser assim. De transpirar personalidade. Olhavam para mim e sabiam o que eu queria. Bastaria um olhar de sobrancelha mais repuxada e repudiava qualquer um.
Mas não o sou! Tenho um eu mais contido. Mais simples, talvez.
Quando me inscrevi nas danças de salão foi com a intenção de aproveitar o que faço de melhor. Adoro dançar, tu sabes. Gosto de vestir as saias rodadas, os sapatos vermelhos e brilhantes e rodopiar. Rodopiar até me parares. Quando me encostas ao teu peito puxando-me a omoplata. Os corpos movem-se sintonizados. Nesses momentos os egos misturam-se e quase se tornam num só. Só o cansaço nos pára. Para mim é o delírio. A altura em que me sinto plena.
Mas desististe. Dizes que vais partir para outra, que a dança já pouco te interessa. Agora resta-me dançar com o meu ego. E não me chega!
O meu eu contido também é fraco. Desistiu contigo no final desse dia. Entrei em casa e pousei a mala. Os sapatos vermelhos já não eram bem vindos. Por isso ficaram à porta. Á espera que a neve os absorvesse.
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